Título: Fatores que influenciam a coordenação motora em crianças dos 5 aos 10 anos
Autor: Santos, Cindy Nascimento dos
Orientadores: Carvalhal, Maria Isabel Martins Mourão
Descrição: Dissertação de Mestrado
Data: 2016
URI: http://hdl.handle.net/10348/6255
Resumo:
Segundo Kiphard e Schilling (1976), coordenação motora é a “interação harmoniosa e económica do sistema músculo-esquelético do sistema nervoso e do sistema sensorial com o fim de produzir ações motoras precisas e equilibradas, e reações rápidas que exigem uma adequada medida de força que determina a amplitude e velocidade do movimento; uma adequada seleção dos músculos que influenciam a condução e orientação do movimento; a capacidade de alterar rapidamente entre tensão e relaxamento muscular.”. É a estrutura psicomotora básica, concretizada pela maturação motora e neurológica da criança e é desenvolvida através da sua estimulação psicomotora sendo assim de grande importância para a autonomia das crianças (Gorla, Duarte & Montagner, 2008). Este estudo revela-se de grande importância uma vez que, demonstra a importância da coordenação motora e o quanto é importante que esta seja estimulada. A estimulação precoce é algo necessário para promover um bom desenvolvimento, uma vez que a coordenação motora (CM) depende da quantidade e qualidade de estímulos e vivências corporais, e assim, evitar atrasos na coordenação motora que podem vir a ter consequências a longo prazo, persistindo na vida adulta. A presente dissertação está organizada em dois estudos que contemplam os seguintes objetivos, caracterizar e comparar a coordenação motora de crianças dos 5 aos 10 anos, em função do género e das dificuldades de aprendizagem e verificar a influência da obesidade e do estatuto socioeconômico na coordenação motora em crianças, respetivamente. A amostra foi constituída por 110 crianças (52 meninos e 58 meninas) do 1º ciclo do ensino básico, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 5 e os 10 anos (8,44 ± 1,10). Avaliou-se a CM através da bateria de testes KTK, (Kiphard & Schilling, 1974), as crianças com dificuldades de aprendizagem foram sinalizadas pelos professores e psicólogos, foi utilizado um questionário para recolha de dados individuais, incluindo o estatuto socioeconômico, a prevalência de obesidade foi estimada com base no IMC (P/ALT2) e nos valores de corte de Cole, (2000). Utilizou-se o teste t de Sudent, para comparar o quociente motor e o desempenho nas tarefas do teste KTK, de acordo com o género e as dificuldades de aprendizagem. Para verificar a influência das variáveis independentes (prevalência de obesidade e estatuto sócio-económico) na coordenação motora foi aplicada a regressão linear, tendo entrado no modelo de regressão apenas as variáveis que se mostraram associadas. Para a análise dos dados recorremos ao programa Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 17.0 para Windows. Os resultados do estudo 1 indicam que 42,31% dos meninos apresentam coordenação normal e 44,83% das meninas apresenta perturbação da coordenação e que 50% das crianças com Dificuldades de Aprendizagem (DA’s) apresenta perturbação da coordenação e 40,54% das crianças sem DA’s apresenta coordenação normal. Relativamente às comparações do QM total e tarefas do KTK por género, verificaram-se diferenças significativas na tarefa de saltos laterais (p=0.02), onde os meninos apresentaram melhores resultados; em relação às dificuldades de aprendizagem, verificaram diferenças significativas na tarefa de saltos monopedais (p=0.028), onde as crianças sem DA’s apresentam melhores resultados. Através dos resultados do estudo 2, verificou-se que 54,55% das crianças são normoponderais, 45,45% têm excesso de peso (29,09%) e obesidade (16,36%). Relativamente à correlação verificou-se uma associação significativa da idade e IMC com o quociente motor (p=.029 e p=.000); do IMC com o equilíbrio (p=.000); da idade e IMC com os saltos monopedais (p=.007 e p=.000); e da idade e IMC com a transferência de plataformas (p=.045 e p=.001). Em conclusão, a maioria das crianças apresenta perturbação da coordenação, e os rapazes apresentam níveis de coordenação motora superiores comparativamente às raparigas. As crianças sem DA’s apresentam também coordenação superior comparativamente às crianças com DA’s. Foi possível concluir também que a obesidade influencia a coordenação motora, no entanto o estatuto sócio-económico não apresentou resultados significativos.
Trabalho na íntegra:
http://repositorio.utad.pt/bitstream/10348/6255/1/msc_cnsantos.pdf