Comparação do desempenho de habilidades locomotoras e manipulativas em crianças de 7 e 8 anos de idade, de acordo com o gênero

Título: Comparação do desempenho de habilidades locomotoras e manipulativas em crianças de 7 e 8 anos de idade, de acordo com o gênero.

Autores: ANDRADE, V. M. A.; PANTA, M. A. S. P.; SANTOS, W. F. S.; SANTOS, C. F. S.; COELHO, B. T. C.; MARQUES, I. M.

Descrição: Resumo publicado no III Congresso Brasileiro de Comportamento Motor – Rio Claro

Data:  2006

URI: http://www.uel.br/grupo-pesquisa/gepedam/Documentos%20para%20download/Rio%20Claro%20-%20Comportamento%20Motor/TGMD_Vanessa_RioClaro.pdf

Resumo:

O termo desenvolvimento motor se refere ao estudo das mudanças que ocorrem no comportamento motor do indivíduo. Tal processo é consequência das mudanças contínuas na capacidade funcional, sendo estas mais ou menos observáveis nos diversos períodos da vida (HAYWOOD,2004). Acredita-se que haja uma interdependência entre essas mudanças nas diversas fases da vida do indivíduo, destacando o desenvolvimento das habilidades motoras básicas como alicerces para que toda a aquisição posterior. Esse período, é considerado crucial para a aquisição de habilidades motoras mais complexas, cujo desempenho está diretamente relacionado ao estado desenvolvimental até os 7 anos de idade, com posteriores aplicações nas combinações de movimentos fundamentais e aprendizagem de habilidades especializadas. Por isso é importante a realização de avaliações do comportamento motor, o que torna possível ao especialista motor monitorar alterações de desenvolvimento, identificar retardos no mesmo e obter esclarecimento sobre estratégias instrutivas (GALLAHUE,2005). O objetivo deste estudo foi analisar o desenvolvimento de habilidades motoras amplas de meninos e meninas de 7 e 8 anos de idade, estudantes de um colégio particular da cidade de Londrina. Para esse fim, utilizou-se do instrumento de avaliação Test of Gross Motor Development-Second edition(TGMD-2) proposto por Ulrich (2000). Participaram deste estudo 100 crianças, sendo 49 meninos e 51 meninas com idades entre 7 e 8 anos (média 8,03± 0,55), alunos de um colégio particular da cidade de Londrina-PR. Todas as crianças participantes do estudo foram autorizadas pelos pais por meio de um termo de consentimento livre e esclarecido. Para a avaliação do desenvolvimento motor foi utilizado o TGMD-2, proposto por Ulrich (2000), que tem por objetivo avaliar o desempenho motor grosso, por meio de 12 tarefas, divididas em dois subtestes – Locomotor e de controle de objetos. O subteste locomotor avalia habilidades envolvidas em mover o centro de gravidade de um ponto a outro e é composto das tarefas: correr, trotar, pular em um só pé, saltar, saltar horizontalmente e deslizar. O subteste controle de objetos avalia habilidades envolvidas em lançar e receber objetos, com as tarefas: rebater uma bola estacionária, quicar, receber, chutar, arremessar por cima do ombro e o rolamento abaixo do ombro.

O teste foi realizado na quadra poliesportiva do colégio, durante as aulas de educação física, sendo aplicado individualmente com cada criança. Todas as crianças foram filmadas em fita S-VHS, sendo que a posterior análise foi conduzida por duas avaliadoras, com índice de correlação interavaliadoras significativo (p=0,99). O desempenho das crianças em cada tarefa foi avaliado qualitativamente por meio de critérios de desempenho propostos pelo teste, referentes a uma execução biomecanicamente eficiente das habilidades. Se atendesse a determinado critério, recebia um ponto. Se não atendesse, não recebia pontos. A soma de todos os pontos alcançados pela criança formava, segundo a nomenclatura do teste, os escores brutos. Por meio destes, foi possível determinar a idade equivalente da criança (a idade motora que a criança apresenta em cada subteste), o escore padrão e o padrão descritivo motor que classifica a criança de acordo com seu desempenho como “muito pobre”, “pobre”, “abaixo da média”, “médio”, “acima da média”, “superior” e “muito superior”. Após estas análises, foi utilizado para a análise de variância ANOVA one-way (p<0,05) para comparar as possíveis diferenças entre os sexos. Considerando os dados gerais, podemos observar que nas habilidades locomotoras a tarefa correr obteve o melhor desempenho com uma razão de 0,74, seguido pela tarefa saltar com 0,66; galopar 0,64; deslizar 0,63; pular 0,53 e salto horizontal 0,47. Nas habilidades de controle de objetos, a tarefa chutar com a razão de 0,72 foi a que as crianças apresentaram melhor desempenho, seguido pela tarefa receber com 0,70; arremessar por cima 0,66; receber 0,60; quicar 0,59 e rolamento por baixo com 0,46. A média da soma da razão nas habilidades locomotoras foi de 0,61, e das habilidades de controle de objeto foi de 0,62. Quando analisamos o padrão descritivo locomotor somado com o de controle de objetos (quociente motor geral) das meninas,54,9% apresentaram o padrão “muito pobre”, 27,5% “pobre” e 17,6% “abaixo da média”. Entre os meninos, 32,7% apresentaram padrão “muito pobre”, 51% “pobre” e 16,3% “abaixo da média”. Na análise estatística esses resultados não indicaram diferença significativa na comparação entre os sexos (p=1,0). Como conclusão, os resultados indicaram um desempenho muito inferior ao da idade cronológica (7 e 8 anos), com desempenho classificado, na sua maioria, como “muito pobre” entre as meninas e “pobre” entre os meninos. Destaca-se a necessidade de maiores avaliações que possam subsidiar uma intervenção que reverta tal quadro.

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